A Assembleia Geral Extraordinária do FC Porto validou as suspensões dos sócios Manuel António Barros e Fernando Saúl, mas foi bem para lá disso. Testemunhada por 533 associados – ao todo, com os que foram votar foram 898 inscritos) -, cenário expectável poucos dias depois da divulgação da auditoria forense à gestão da Direção anterior, o assunto passou pelas intervenções de muitos associados, alguns tomando a palavra mais do que uma vez. A AG teve momentos quentes, especialmente depois de Francisco J. Marques, antigo diretor de comunicação dos dragões, ter terminado a exposição – um associado vaiou de forma bem audível e foi visado por outros enquanto abandonava o pavilhão – afirmando ter confirmado que um texto do presidente na “Dragões” foi escrito por inteligência artificial. Foram cinco horas e meia de reunião magna que puxaram por todas as capacidades de António Tavares Ferreira, presidente da mesa da AG que, por vezes, teve de ter pulso mais firme, mas numa postura elogiada.
Na meia hora de outros assuntos, praticamente tudo foi respondido por André Villas-Boas, como a faixa temporal da auditoria. “Dez anos pareceu-nos suficiente para revelar todas as questões financeiras e os danos relativamente a bilhética, às transferências de jogadores e às despesas de representação.
Sabemos perfeitamente quem são as pessoas envolvidas e as quantias gastas nos diferentes lugares”, explicou o presidente, acrescentando que o relatório será enviado ao Ministério Público – ontem, a SIC noticiou que será utilizado no processo “Prolongamento”, que investiga transferências de jogadores. “A auditoria marca um fim e um virar de página. Não é uma caça às bruxas. Está concluída, é violenta, como não poderia deixar de ser pelos factos encontrados, no entanto quero virar a página e focar-me no plano desportivo. Mas, vamos até às últimas consequências para que o FC Porto seja ressarcido”, acrescentou Villas-Boas, depois de ter ouvido alguns associados lamentarem o timing da publicação e o impacto mediático.
Outros esclarecimentos prenderam-se com o rendimento desportivo. “Estamos evidentemente num momento frágil, principalmente no que toca às equipas A e B. Temos uma responsabilidade maior que é dar aos sócios o título, é para isso que trabalhamos todos os dias afincadamente. Já tivemos muitos momentos maus, queremos transformá-los em bons e, enquanto for possível, eu acredito. Cabe-me a mim essa responsabilidade de honrar e dignificar o clube. Espero sempre corresponder com títulos da mesma forma que me foi entregue este clube, cheio de títulos e taças no museu”, respondeu.